Estamos com medo. O que fazer com ele?

Na última semana, o grupo no Facebook “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” atingiu 2.487.414 participantes. Todas mulheres juntas pelo propósito de não permitir que o candidato do PSL vença as eleições 2018. O grupo é administrado por 11 mulheres, que estão com a identidade preservada devido a ataques de hackers  do eleitorado do “coiso” (pra não dar ibope pro dito cujo).

É otimista pensar que às vésperas das eleições esse número expressivo de mulheres se uniu com o único propósito de combater o fascismo, e essa união se deu de maneira orgânica. É similar aos eventos de junho de 2013: muita gente reunida querendo a mudança e com um inimigo em comum, mas sem saber muito bem o que fazer pra isso acontecer e pra onde ir depois.

A intenção é genuína, mas é campo fértil para oportunismo político. Nos últimos dias, tem se propagado a máxima do “voto útil“, que seria o voto mais inteligente e estrategista na derrocada de B, e única saída possível. O mesmo efeito tem ocorrido no âmbito da direita também, com B perdendo votos para Alckmin, temendo um segundo turno com Fernando Haddad.

O utilitarismo e o medo do nêmesis político de cada um subir ao poder, gerou uma oscilação constante nas pesquisas. As pessoas estão muito indecisas.  Não se vota mais por ideais e planos de governo (se votou algum dia?). A espetaculização da vida política transformou os candidatos em ídolos, seu dia-a-dia em novela e os debates trazem mais emoção que razão, beirando quase um Casos de Família.

Dá pra relacionar (e muito) o momento atual com teorias da comunicação. No clima de opinião evidenciado por Elisabeth Noelle-Neumann, as pessoas moldam suas posições a partir do que imaginam que a maioria pensa. Isso influi diretamente nas pesquisas eleitorais, que influem no clima, em um ciclo problemático e que revela uma pseudo-opinião pública, mas não a realidade. Através desse fenômeno, posições que inicialmente era isoladas e fracas, vão ganhando força e arrebatando indecisos, por meio da imposição do medo e da culpa.

“Como assim você vai votar na (o) candidata (o)? Isso é besteira, ela (e) não tem força suficiente para vencer a eleição. Está todo mundo se unindo agora na candidata (o) Y, ela (e) sim tem chances de vencer!”, e o que talvez fosse mentira no início, vai se instaurando como verdade.

A maneira como o processo democrático tem se desenrolado resulta em uma deformidade, e obviamente a culpa não é do eleitor, mas da forma como nosso sistema funciona. Não venho com respostas prontas, mas acredito que devemos estar cientes do que estamos fazendo e propagando, e nos deixar manipular o menos possível por forças externas. Não siga o rebanho cegamente por que um amigo seu disse que “é legal” ou porque está nos trending topics. Pense antes, pesquise antes, reflita antes. E assim tome suas decisões.

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