Litchfield ao máximo

Orange Is The New Black foi uma das primeiras séries originais da Netflix, junto de House of Cards, e não perdeu o brilho até então (assim como o serviço de streaming). Com a sexta temporada lançada na última sexta (27), Litchfield mostrou que ainda tem muita história pra contar. E sim, este texto contém spoilers.

Meu maior receio após o fim da rebelião da quinta temporada era separarem todas as minhas inmates favoritas e a trama ficar deprimente e tensa demais. Mas para minha alegria, a série seguiu misturando assuntos leves e pesados sem azedar nenhum dos lados.

A ideia de dividi-las em blocos rivais foi genial. A vida na máxima é bem diferente da na mínima. E aquele é um microcosmo que reflete o macro. Fica claro o desejo dos guardas de fomentar brigas e discórdias entre as detentas, para que elas não se unam novamente e se virem contra o sistema (e não é assim que funciona toda estrutura de poder, afinal?).

A guerra entre os blocos se iniciou nos anos 80, com as irmãs Denning tramando o assassinato da caçula ao som de Maniac.  As atrizes escolhidas (tanto na fase jovem quanto velha) para interpretar Barbara e Carol foram perfeitas, a vontade é de assistir um filme ou spin off que fale só sobre as maluquices delas. Cada uma formou sua gangue dentro da prisão pra disputar quem lucrava mais com o tráfico ou quem tinha as melhores memórias pré-prisão para se exibir. No fim, a “história dos classificados”, que discutiram até a morte para saber quem era a autora, foi roubada de uma colega de trabalho negra da lanchonete em que as irmãs trabalharam.

Danielle Brooks as Taystee, Tasha Jefferson, Orange is the New Black, OITNB, season 6

À parte da richa de gangues, o lado mais político e dramático da temporada fica para o bode expiatório da rebelião: Taystee. Interpretada pela fenomenal Danielle Brooks, a personagem fez o que era certo e acreditou que assim conquistaria justiça para as detentas e para Poussey. Porém, acabou sendo traída por uma das melhores amigas e acusada de homicídio (o real autor do crime era um guarda). Durante o julgamento, T. recebe apoio do movimento #BlackLivesMatter e mete o dedo na ferida do encarceramento em massa da população negra e descaso da sociedade com essa problemática. O desfecho é pragmático e, infelizmente, bastante comum. Realmente espero que o jogo vire na próxima temporada.

Outro final triste e realista foi o da Blanca, que com as chances de engravidar se esgotando, mal conseguiu acreditar na soltura antecipada, tendo a chance de formar sua família com Diablo (o querido e carismático namorado). Porém, ela vai direto da máxima para um caminhão de deportação, enquanto a GC anuncia sua nova área de investimento: centros de detenção de imigrantes.

Orange tem mil histórias acontecendo ao mesmo tempo, não é meu propósito discorrer sobre todas aqui, se não escrevia um artigo. Nem comentei o aparente fim da “protagonista” (às vezes é difícil lembrar que tudo começou com a Piper sendo presa por tráfico, sacaneada pela ex-namorada/atual esposa). É uma série que trata sobre tudo ao mesmo tempo, sob a narrativa de mulheres. Querer reduzi-la ou encaixotá-la é perda de tempo, ou então, que seja tema de TCC! Cada episodio mexeu muito comigo de maneiras e em pontos diferentes. Se entregue à terapia anual que é assistir treze episódios de OITNB!

Deixe um comentário

Blog no WordPress.com.

Acima ↑

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora